Às vezes eu tenho a impressão que as pessoas descobriram a homossexualidade ontem. Nunca essa pauta esteve tão presente e nunca vi tanto ódio e repúdio contra uma coisa que deveria, sim, ser vista com naturalidade. Até porque, por deus, estamos em dois-mil-e-fucking-treze, não nos anos 50. Mas duas coisas importantes aconteceram recentemente e que reforçaram a visão dos dois lados da coisa: Feliciano na presidência da comissão dos direitos humanos, dando todo o respaldo que os homofóbicos precisavam para exercerem sua intolerância com a consciência tranquila e Daniela Mercury postando fotos com sua mulher com a espontaneidade que lhe cabe, afinal se ela se casasse com um homem provavelmente faria a mesma coisa.
Agora, pra onde a gente olha tem alguém pregando o preconceito e usando o combo justificativa que eu mais curto: valores familiares, moral & bons costumes. Sim, porque se você não é heterossexual, é automaticamente um depravado. Se você for mulher e não for casada, é automaticamente uma vadia (euzinha <3). Se você for à favor da igualdade, é automaticamente contra deus, bíblia, família e sei lá mais o que esse povo vai inventar amanhã para basear suas loucuras.
Como isso me incomoda, vocês não fazem ideia como isso me incomoda. O quanto isso me machuca. E a verdade é que quem é intolerante contra alguém, raramente é exclusivo. Geralmente o discurso dessas pessoas atingem vários grupos. Por exemplo, quando eu vejo alguém praguejando contra os gays usando a procriação como argumento, me ofendo também: e se eu não puder ter filhos? Ou pior, e se eu não QUISER ter filhos?
Vocês entenderam minha linha de pensamento, né? E, com isso em mente, hoje eu fiz a cagada de clicar numa matéria do blog “Dias de Noiva”, do Yahoo!, e pior: fui ler os comentários. Sabe quando você nem pensa, já sai fazendo e quando percebe já é tarde demais? Geralmente eu tenho essa sensação quando estou bêbada, mas hoje eu estava sóbria, juro! Daí você já leu demais, já se ofendeu demais, já sofreu demais. E não acho que eu consiga mudar a opinião de quem já pensa dessa forma, errada, mas sei lá, vai que rola! Já comprei brigas por muito menos…
O post já começou errado na chamada “Grife faz ensaio provocante”:
Provocante como exatamente, moça? Por que duas mulheres de branco se beijando é provocante? Isso me incomoda porque: 1) temos que tratar as coisas com naturalidade, se queremos que elas realmente sejam naturais, 2) quando se fala de mulheres se beijando já imaginam umas cenas de filme pornô, né? Quando são duas gostosas de beijando é provocante, se fossem duas gordas seria o que, nojento ou falta de rola?
Se isso não é provocante,
Isso também não deveria ser:
Mas o pior ainda está por vir: os comentários! Ah, essa raça maravilhosa conhecida como comentarista de internet! Como vivem? Do que se alimentam? Nunca saberemos, sabemos apenas o quanto são corajosos atrás das telas e, claro, do anonimato. E me assustou muito ao ver o quanto ainda tem gente preconceituosa. Eu não me relaciono com pessoas assim, toda a minha família e todos os meus amigos são pessoas boas e apoiam a diversidade, então eu me choco mesmo quando leio coisas do tipo:
Mara, não são só os hetoressexuais! Homens, brancos e ricos são os que mais sofrem preconceito hoje em dia!
“A máxima do sexo é a reprodução”, coitada da Jackie, nunca deve ter tido um orgasmo na vida. Entendo o porque de tanta amargura.
“Ditadura gay” hahahahha Alô, Rafucko! Obrigada por isso! Mas eu amei que até dentro da homofobia, babaquice tem limite! “Não existe e nunca existiu a doença gay”, taí uma verdade!
E como eu disse, atrás de um homofóbico, sempre tem um machista:
AI É O FIM DO MUNDO NÉ DOIS HOMENS AI É GAY DEMAIS NÉ LUNAR AÍ NÃO DÁ!
Tem slut shaming também:
Mary, deve ser muito difícil ser você, porque eu imagino o quanto você sofre toda vez que tira a calcinha e sente nojo da sua própria tchebs=( pobre tchebs da mary =/
O comentário “nada contra, só não faça na minha frente” já é um clássico no argumento homofóbico! Mas a Cristiane foi além, porque ela também não curte casais héteros então, Cris, uma dica: vira freira, dessas enclausuradas, daí você não vai ter que lidar com tanta promiscuidade quanto beijos na boca (blergh).
Sempre tem aqueles que perdem a mão e apelam. Se isso aí em cima não é apologia à violência, não sei como classificar esses comentários.
Foram 422 comentários. Eu diria que 90% homofóbicos ou machistas, 7% pró-diversidade e 2% de gente que não sabia o que dizer mas não podia ficar calado!
Mas vamos ver o lado bom da coisa!
Rezemos, Valdir! Não sei se você está sendo sarcástico, mas eu espero que a nova geração seja mesmo 100% liberdade!
Ariany… olha, super verdade isso de gente preconceituosa e tals, mas não precisava meter a Luana ai no meio! Se ela ler isso, vai acabar com você lá no twitter!
Verdade, Frederico! Eu não entendi direito mas você me ganhou ali no “amor ao próximo”, é o que importa!
Conselheira, ninguém é obrigado a gostar de ninguém, mas basear sua opinião com relação ao próximo usando a orientação sexual do mesmo como ponto de partida, guess what: é preconceito!
Amor para as duas comentaristas de baixo, muito amor!
Para fechar com chave de ouro:
Eu também acho Alda! Eu morro de medo de ter um filho no atual estado em que a nossa sociedade se encontra. Imagina, menina, se ele (a) for gay e tiver medo de assumir quem é de verdade por causa de pessoas preconceituosas? Viver com medo de apanhar só por dar um beijo, uma demonstração de afeto, em público? Não, obrigada, prefiro esperar a sociedade evoluir um pouco.
Essa semana, vieram me perguntar se eu havia ~~virado~~ gay. Vou deixar Prof. Xavier responder por mim: